Entrevista - GM Francisco Henriques (CLE)

O BTG News quis ouvir um dos protagonistas do momento da nossa liga, Francisco Henriques, que recentemente trocou a máquina bem oleada dos San Antonio Spurs, onde podia até sonhar com o título na presente temporada, por um dos franchises que tem sentido mais dificuldades desde o início do simulador, os Cleveland Cavaliers. Será que finalmente os Cavs encontraram o homem certo? Falámos com o Francisco sobre o processo de decisão que o levou a encetar esta mudança, sobre o que espera alcançar no Ohio e sobre a liga de uma forma geral.

BTG News – Francisco, antes de mais obrigado por teres aceitado o nosso convite. Comecemos por revisitar o teu percurso nos Spurs. Na S1 a performance melhorou substancialmente depois da chegada de Trae Young. Na S2, depois de uma época regular inconsistente, a equipa fez uma post season brilhante e chegou até à final de conferência. A chegada de Anthony Davis parecia indicar que a ambição era ainda maior nesta época e o arranque foi forte. O que te levou a querer mudar de ares?

Francisco Henriques – Obrigado eu pelo interesse em falar comigo. Creio que falando da S2, a nossa inconsistência deveu-se a estarmos com talento muito concentrado no 5 inicial, o que fez que lesões a Bam Adebayo (algumas) e a Dorian Finney-Smith fizessem com que a equipa ficasse muito desfalcada, e que creio que aquele 7º lugar na época regular era "mentiroso". Apanhamos pela frente uma super equipa (já dizia um certo comentador português) mas creio que poderia ter estado melhor na abordagem a alguns jogos, sobretudo ao jogo 2 da WCF, e quem sabe dava mais alguma luta da que consegui dar.

Nesta presente época dei o all-in pelo campeonato, pois troquei por uma estrela expirante e dois excelentes defensores. Olhando para o 5 inicial, assim como o banco, creio que o futuro é risonho para os Spurs (se calhar é preciso, no máximo, um PF suplente com características diferentes) e que têm todas as condições por lutar pelo campeonato. Olhando para esse mesmo fator (equipa já estar bem montada), queria um desafio diferente, de pegar numa equipa que precisava de algum amor e carinho para voltar a uma maré de vitórias e os Cavs parecem-me a situação ideal.

  

BTG News – Quanto a este novo desafio, quais são os principais objetivos dos Cavaliers para o que resta da temporada? Vamos ver uma luta para capturar “The Flag(g)” para a cidade de Cleveland ou o foco passa por somar vitórias para tentar chegar pelo menos ao play-in?

FH – O objetivo para este pequeno rebuild em Cleveland passa por tankar por 1 ano, conseguir a pick mais alta possível e fazer uma gracinha na FAP com os jogadores que possam chegar cá, e a partir daí lutar, pelo menos, por um lugar de acesso direto aos PO. Consoante o que conseguir sacar na FAP, perceber se faz sentido manter o jogador obtido na draft ou dar all in por um ataque ao título da conferência!

  

BTG News – Podemos então afirmar que a troca de Jonas Valanciunas por jogadores expirantes já foi feita a pensar nisso? Já há alvos identificados para o FAP?

FH – De facto creio que o Valanciunas, por aquilo que ganha em termos salariais no BraTuga, não é um center que queira ter numa equipa que aspire por ganhar títulos, pois não traz defensivamente a estabilidade necessária. O Brook Lopez também não o é, mas ao menos é expirante, e até pode ser uma moeda de troca para equipas que pretendam dar um salto na parte defensiva, pois o Brook é o center moderno ideal para ter numa equipa. Ainda não há alvos identificados pois não conseguimos fazer futurologia, mas o objetivo é agarrar uma star para nos elevar a outros patamares.

  

BTG News – A chegada do dia 30 da competição trouxe algumas novidades relevantes. Desde logo, a tua mudança para o Ohio. Mas também a chegada de Khris Middleton a uns Kings cada vez mais fortes (mas que têm sofrido com as lesões) e, claro, o negócio bombástico entre Lakers e Thunder, que levou à mudança de ares de Luka Doncic e Jayson Tatum. Aliás, do quarteto fantástico que comandou os Lakers ao título na S2 – Tatum, Kyrie, Paul George e LaMelo, já nenhum mora em Los Angeles. Como analisas todas estas alterações que a liga sofreu recentemente e qual prevês que seja o seu impacto?

FH – Creio que, olhando para o Wild West, a availability vai ser o melhor trunfo para muitas equipas, pois olhamos para equipas muito bem montadas como os Kings ou Blazers, que com as lesões que têm começaram a época com o pé esquerdo, mas que certamente ainda têm mais que tempo para recuperar. Os Kings certamente parecem subir em termos qualitativos com esta troca, enquanto que para os Lakers creio que também passa por ser uma troca de preferência pessoal, de montar a equipa em volta de um jogador como o Luka em vez do Tatum. Acho que os Thunder vão ter dificuldades em conseguir fazer uma gracinha este ano, mas de facto eles até agora lá vão provando que estou errado e vão estando nos lugares cimeiros!

  

BTG News – Quais são as equipas que mais te estão a surpreender, pela positiva ou pela negativa, até agora?

FH – Pela positiva, no Este, destacaria os Magic que estão numa conferência teoricamente mais fraca, mas olhando para o elenco que têm, é de facto surpreendente o que têm conseguido extrair até agora dos seus jogadores, mas precisam de melhorar fora de portas! Destaque do outro lado para Thunder e Grizzlies, que estão nos lugares cimeiros da conferência. Olhando para os lugares mais abaixo, vejo equipas que têm mais qualidade no papel que as duas que mencionei (Blazers, Wolves, Lakers, Kings), mas estas estão a destacar-se.

  

BTG News – Vamos fazer um pouco de futurologia. Agora que deixaste o Wild Wild West, quem são, na tua opinião, os principais candidatos a vencer a conferência Oeste? Vês a tua ex-equipa com capacidade para chegar ao topo?

FH – Creio que destacaria 3 equipas para sair do topo do Oeste: Spurs, Blazers e Kings. Há espaço para Pelicans, Jazz ou Lakers terem uma palavra a dizer, mas, em especial para os Jazz, não terem vários bons defensores parece-me que é sempre complicado para alguém que quer ser campeão. O mesmo aplica-se aos Pelicans em relação ao seu poste. Não sei até que ponto o Robert Williams não é demasiado curto para atacar um título.

Os Spurs creio que ficam pendentes do próximo GM não fazer merda nas trocas ou na rotação, creio que como disse acima, a equipa está bem montada para lutar por títulos em ambos os lados do campo, especialmente na defesa, onde apenas o Trae é claramente um ponto menos positivo, mas quer no 5 inicial quer a sair do banco há sempre muito poder defensivo.

  

BTG News – E na Conferência Este, achas que é desta que o domínio dos Charlotte Hornets pode ser quebrado? Ou manténs o teu palpite inicial de que vão recuperar este ano o título de campeão que perderam na última época?

FH – Cuidado com os Cavs! (risos) Creio que vai passar o título da conferência Este por Toronto ou Charlotte, embora o Lança tenha de fazer trocas para não voltar a passar da luxury, se não me engano, o que vai ser interessante ver como aborda o mercado. A minha aposta final vai para os Hornets, pois o Lança sabe mover-se muito bem no mercado, mas o Niko está a ameaçar!

  

BTG News – Apesar de seres ainda um jovem, já acumulaste muita experiência neste tipo de simuladores. Que conselhos darias aos GM’s menos experientes?

FH – A primeira coisa a fazer é não entrar em loucuras de querer fazer trocas logo que se chega a uma equipa nova. Dar um par de simulações para ver como a equipa que se recebeu reage à forma como um novo GM escala a equipa em termos de rotação e como os jogadores se saem. Após isso, olhar de forma mais fria possível e sem bias de vida real à qualidade dos jogadores que tem na sua equipa e perceber se tem qualidade para lutar por títulos ou se precisa de efetuar trocas para chegar a esse patamar.

 

BTG News – Estamos a terminar a nossa entrevista, desde já agradecemos a tua disponibildade. Queres deixar um comentário final à nossa comunidade, ou eventualmente alguma sugestão sobre o BraTuga?

FH – Agradecer as palavras de encorajamento que recebi por assumir o controlo dos Cavs e, novamente, o interesse em falar comigo. Quanto a sugestões sobre o melhoramento do BraTuga, eu gostava que desse para otimizar sobretudo a nível defensivo a forma como a equipa pode defender. Aí creio que há muita margem de progressão em relação ao que temos neste momento.